segunda-feira, maio 10, 2010

musique

Seus corpos esbarram pela primeira vez aquela noite, abraço, bobo e feliz, ninguém desconfiaria dos tantos que se seguiriam. Não demorou... 2º abraço, mais demorado, e ela deixou que escapulisse um gemido baixinho e aconchegante, morno e ainda inocente.

Era uma noite como qualquer outra, colegas, conversas, filme (pedaços dele), pipoca, sono e despedidas... solidão de dois, assim como no início. Durante todo o roteiro esperaram estarem a sós novamente.

A música, um gosto comum e protagonista, com ela e por causa dela os abraços tornaram-se horizontais. Incontáveis abraços... ele não viu mas ela enrubesceu com o ?º abraço, sem mais intenção do disfarce, ele mostrou-se, ela sentia os sinais que o corpo dele dava. O vermelho que queimava seu rosto escorreu entre suas pernas, seu corpo solidarizava-se e ardia em pontos que ela já desvendara, lembrou-se de uma noite cor de ameixa... foi só um pensamento rápido, os pensamentos dela nunca a deixam descansar, agora o que importava era que ela o entregava a um céu de baunilha.

O som que ouviam tocava seus corpos e os envolviam como uma fina e excitante camada de tecido leve em corpos nus, o corpo dela seguia o ritmo, e embora ele não percebesse, soube bem como aproveitar, sentia a presença suave daquela música através dos movimentos dela reagindo aos seus lúbricos toques.

O cheiro dela o fazia esquecer onde estava, as suas pernas o tocando e envolvendo, a boca desenhando em seu pescoço e suas mãos massageando sua nuca, ainda seguiam o ritmo tão importante para ela, fizeram os desejos daquele homem queimar a pele.

Outro ritmo que a provocava, ele inteligente uniu-se a quem antes nem notara presença, passeou sua respiração quente e ofegante pelos ouvidos, pescoço e boca enquanto tocava seu corpo como se tivesse em suas mãos algo delicado, prestes a quebrar, e ainda assim provocava nela arrepios que na penumbra da noite só saberia o que causava se, em curiosidade, escorregasse suas mãos e sentisse como ela se diluía de prazer desfazendo-se entre as pernas.

A música se tornara orgânica, sussurros, gemidos e sua respiração entregava a vontade dele de lhe subir vagarosamente o vestido, descendo sua calcinha e fazendo com que ela ajudasse suas mãos a acariciar as coxas enquanto a tirava. Seu peso sobre o corpo dela fazia com que ela sentisse sua boca em todo o corpo, o pensamento agora ia a todos os lugares em que as mãos dele hesitaram ir... e aos lugares que inevitavelmente irão.

sexta-feira, julho 18, 2008

les yeux bandés

obedecendo... pela primeira vez depois de tanto tempo, ela se pôs a caminhar sem que a luz penetrasse sua retina. Não obedecia inocentemente a um comando, satisfazia vigorosamente a um instinto, a um desejo que sabia que se realizara desde o momento em que lhe cobriu os olhos com uma fina camada de tecido cujo aroma fazia com que tudo parecesse conspirar para que seu característico perfil não atrapalhasse o momento, ela, uma montanha russa de emoções, ele não poderia prever sua reação, era tudo abrigado num rosto meigo, e voz doce quase infantil. Descobria ali seu fetiche pela insegurança e pelo inesperado e entre tantos pensamentos confusos ainda lhe escapava uma análise dos gestos dele. O modo como a conduzia pela mão e de como deixara a casa incendiando de fragrâncias diversas, pensadas uma a uma, sabia que ela reconheceria cada uma delas, ela, que sempre se preocupara com os detalhes se entregava ainda com receio à perfeição do momento.
Ele que tantas vezes se entregou com intenso prazer a todos os seus caprichos, sabia dos perigos de surpreendê-la, mas sabia também que satisfazê-la daquela forma era o que levaria ao extremo deleite.
Entre os sons inebriantes, uma música cujo ritmo acompanhava o desejo de ser possuída e o medo de gostar daquela subordinação, e o som incinerante da respiração dele. Cortou essa nuvem sonora com um breve pedido “por favor preciso que você sinta antes de tudo!” e ela inexplicavelmente aceitou.
Enquanto ele a despia ela percebeu como a falta de um sentido aguçava todos os outros, ele tinha gestos calmos e sedutores que contrastavam com seus ansiosos pensamentos. Os pés descalçados, a alças baixas, o vestido que parecia acariciar o corpo demoradamente enquanto caia, os seios que antes apertavam o tecido aderente a eles, agora libertos. Sua calcinha úmida de desejo, peça do desejo dele, e que ao mesmo tempo o encobria, tirou delicadamente. Não via, mas ela sabia de seu sorriso ao cheirar profundamente a doce peça tirada.

quinta-feira, julho 17, 2008

intenções gostosinhas

noite cor de ameixa
abraços que liquefazem
músicas que aliciam
anseios dissimulados
boca que incinera a nuca
vontades manifestas
sorriso ledo
despedida tão longa
...quanto meus fios translúcidos

sexta-feira, fevereiro 22, 2008

sem nada a dizer (a muito tempo)

"Socorro, não estou sentindo nada
Nem medo, nem calor, nem fogo
Não vai dar mais pra chorar, nem pra rir
Socorro, alguma alma, mesmo que penada
Me entregue suas penas
Já não sinto amor, nem dor, já não sinto nada
Socorro, alguém me dê um coração
Que esse já não bate, nem apanha
Por favor, uma emoção pequena
Qualquer coisa
Qualquer coisa que se sinta
Em tantos sentimentos
Deve ter algum que sirva
Socorro, alguma rua que me dê sentido
Em qualquer cruzamento, acostamento, encruzilhada
Socorro, eu já não sinto nada, nada"

segunda-feira, junho 25, 2007

abandono

ato ou efeito de abandonar(-se)
estado ou condição de quem ou do que é ou está abandonado, largado, desamparado
sem auxílio, sem proteção...

abandono

terça-feira, maio 01, 2007

io oi

vim
.
.
.
fui

sexta-feira, abril 27, 2007

só, pq esse poema ela fez qdo era eu

Eu tenho pena da Lua!
Tanta pena, coitadinha,
Quando tão branca, na rua
A vejo chorar sozinha!...

As rosas nas alamedas,
E os lilases cor da neve
Confidenciam de leve
E lembram arfar de sedas
Só a triste, coitadinha...

Tão triste na minha rua
Lá anda a chorar sozinha ...
Eu chego então à janela:
E fico a olhar para a lua...
E fico a chorar com ela! ...

Florbela